sábado, 7 de julho de 2012

Baobá



Não quero flores, quero um Baobá!
...e um homem que deseje meu corpo de abundantes curvas, meu cabelo crescendo para o alto, minhas ancas largas para guardar filhos, meu cheiro
Não quero flores, quero um Baobá!
...e a minha boca carnuda, para o meu amor, será uma fonte de desejo e deleite.
Não quero flores, quero um Baobá!
Pois quero que meu homem entenda o meu jeito de fazer as coisas, como os modos
de uma rainha,
e esteja livre do pensamento plantado em nós pelo colonizador.
Não quero flores, quero um Baobá!
Para que meu homem saiba dos meus seios fartos, que alimentarão crianças,
e a cumplicidade entre marido e mulher.
Não quero flores, quero um Baobá!

Pois com o meu amante quero construir uma casa, ter um lar, cuidar das plantas,
perder noites de sono com as crianças, ser parceira nos seus sonhos,
e dormir empernada nas madrugadas frias...

Não quero flores!
Elas têm vida curta, e vulnerável ao frio, ao vento, à chuva, ao sol...
Quero o Baobá!
Ele se ergue em terra firme, e o mesmo sol, e a mesma chuva o tornam frondoso e abundante.
Ele pode não trazer o perfume a beleza das flores...



Urânia Munzanzu

Um comentário:

  1. Gostei muito deste poema. Gostei do teu blog. Gosto de África e não sei se alguma vez visitarei algum país africano, para pena minha. Às vezes penso em África como se fosse uma espécie de refúgio e talvez seja. Vou voltar.

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